oncontextmenu='return false'>expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

No coração do Brasil: O maior modelo nacional motorizado do Titanic, uma criação por Vatuti Dieter

ATENÇÃO: Este modelo encontra-se a venda! Para mais informações entre em contato com:
Vatuti Erik Dieter
Facebook AQUI
Whats App 66 8452 9975

Ah que felicidade! Sim, felicidade!

Sentimento que sempre acontece quando este editor - eu, Rodrigo - recebo na correria do dia a dia, o simpático contato de algum companheiro brasileiro que quer compartilhar sobre a aventura e resultado final de sua criação Titânica.

É sempre um presente ver que tantos aqui em nosso país ultrapassam a barreira do diletantismo estudioso, indo em direção de exercitar o talento com habilidade manual para criar obras dedicadas a retratar o navio que dá nome a este blog, resultando sempre em trabalhos únicos, carregados da própria expressão, experiência e amor aplicado nestas obras. 

Obras que só são possíveis em grande medida ao fascínio que recai por sobre este navio que de sua crua epopeia e desdita fatal, segue há 112 anos (que completam-se no próximo 15 de abril de 2024) populando o imaginário e impulsionando criações tão interessantes e verdadeiramente inspiradas. Além de um intercâmbio sensacional entre pessoas com este interesse em comum.

Não há correria do dia a dia - que diga-se de passagem não é moleza para nós tupiniquins - , escassez de meios ou limitações aleatórias que sejam capazes de frear a criatividade de nosso povo brasileiro, sempre pródigo em ultrapassar as barreiras para realizar suas metas e sonhos. Nós brasileiros somos gigantes, somos verdadeiros artistas, e nem sempre nos damos conta. Somos sempre capazes de muito mais!

A história que vou te contar hoje é a de um entusiasta de 29 anos, residente na cidade de Vila Rica, Mato Grosso - cidade de 26 mil habitantes e visualmente plantada no "coração do Brasil" - que reunindo criatividade, pendor pelo trabalho artesanal, dedicação e capricho... construiu o que é hoje - pelo que conta ao editor deste blog - o maior modelo motorizado do Brasil que retrata este navio que tantas histórias tem nos contado e revelado no decorrer do século XX e começo do século XXI, seduzindo entusiastas ao redor de todo o mundo, o Titanic. 

Conheça então o relato de Vatuti Erik Dieter, um entusiasta criativo, habilidoso e ousado. Colega generoso ao compartilhar comigo, em texto e boa prosa telefônica, a sua história digna de nota e compartilhamento para inspirar outros artistas e arteiros em nosso país.

No coração do Brasil: O maior modelo nacional motorizado do Titanic, uma criação por Vatuti Erik Dieter














Corria o ano de 2003 quando o pequeno garoto Vatuti, com nove anos então, saltava da cama à noite depois do chamado de seu pai para que pudesse - e a seu próprio pedido - se colocar em frente à telinha de uma humilde TV em preto em branco para assistir, na TV Rede Globo, o mais caro filme da história, vencedor de 11 Oscar's na cerimônia de 1998: Titanic

A experiência daquela noite de cinema em casa tarde da noite ficou gravada na memória do garoto que guardou o filme num lugar cativo da já aguçada imaginação criativa. Vatuti já tinha o pendor para o trabalho manual, habilidade que ele exercitaria já aos 10 anos criando pequenos modelos de caminhões feitos em madeira, inspirados pela profissão do pai, um trabalhador das estradas do nosso grande Brasil.

"Meu pai sempre me apoiou nos meus trabalhos, sempre incentivava bastante. Ele dizia que é preciso saber fazer de penico à avião! Ele falava que saber as coisas não ocupa lugar. Não é falar 'ah não sei fazer isso'. Que temos que pelo menos tentar, e depois que tentamos se não conseguimos aí é outra coisa, mas temos que persistir. Dizia que temos que fazer de tudo um pouco pra escapar, pra que a gente não passe aperto na vida, porque nunca sabemos o futuro. Então sabendo fazer de tudo um pouco você não vai passar necessidade."

Os anos se passam, o pequeno cresce, e as exigências da vida adulta não roubam o desejo de um dia construir um modelo daquele navio visto pela primeira vez na telinha P&B. O trabalho em seu primeiro modelo (já em escala 1:100, com 2,69 m de comprimento) fica pronto no começo de 2015. Mas o resultado simplificado e problemático o deixa insatisfeito e abre espaço para uma nova tentativa.

"Em 2014 após ter assistido o Titanic inúmeras vezes eu senti que poderia fazer algo a mais do que só admirar o navio pelo filme. E surgiu a ideia de tentar fazer uma maquete do RMS Titanic. Surgiram vários contra tempos pelo fato de não saber como criar uma réplica, porque até então eu só fabricava brinquedos em madeira e casinhas de boneca. Foi então meu primeiro projeto ambicioso."

Mas após o falecimento do pai no final de 2015, Vatuti então muda de ramo, assume os negócios e se torna também caminhoneiro nos próximos 5 anos. 

"Após passar por isso... abandonei a profissão de marceneiro, comprei uma carreta e peguei a estrada. Vindo a sofrer um acidente em 2020 deixando várias sequelas..."

Mas o destino intervém, e um acidente grave de caminhão em 2020 o deixa temporariamente impossibilitado. Ano em que ao longo de sua recuperação ele se torna uma espécie de faz tudo em sua oficina de marcenaria, executando trabalhos variados de reparo para caminhões, se distanciando agora do volante. Renasce nesse momento a vontade de criar um novo modelo do Titanic.

Aproveitando o material excedente de sua própria oficina, onde fabricava, entre outras coisas, armários/cozinha (e segue fabricando ainda hoje em 2024) para caminhões, Vatuti começa a reunir parte da matéria prima que pretendia utilizar em seu novo modelo, especialmente fórmica, além de garimpar materiais recicláveis como canos de PVC. Do primeiro modelo feito ainda em 2015, Vatuti reaproveita a quilha de compensado naval (esqueleto interno do navio), e a partir desta base recomeça seu trabalho agora com outras técnicas.






A meta era construir um modelo motorizado do Titanic com 2,69 m de comprimento para que pudesse de fato navegar! Sonho elaborado tendo como inspiração o filme inesquecível de James Cameron, mas também incentivado pela análise de outros tantos modelos do Titanic compartilhados nas redes sociais. Sempre apoiado pela lembrança das palavras do falecido pai, Vatuti respira fundo e põe a mão na massa... E que massa!

Nas palavras de Vatuti:

"O visual externo do Titanic é magnífico, sua estética é mais bonita que muitos navios atuais. O seu interior principalmente é impecável. Parece que foi esculpido por anjos!"

Anunciado o projeto, nosso amigo encontra os primeiros reveses: Nem todos ao redor acharam promissora sua ideia de criar algo assim tão grande e complexo, visto - certamente - porque não é todo dia que você encontra um familiar por aí que diz "vou construir um modelo gigante do Titanic!"

[como nota adicional... eu, Rodrigo, já passei por isso lá em 2014 quando anunciei que iria construir meu modelo, época em que em meio à desconfiança de alguns eu ria silenciosamente e pensava "Ah, você não sabe do que sou capaz, hehehehe"]

"Cada vez mais eu me maginava tentando fazer da réplica o mais próximo possível de se parecer com o Titanic em si. [...] Faltava coragem pra colocar ele pra navegar, o que sempre foi meu sonho, mas muitas pessoas iam contra a correnteza dizendo que só ia prestar para ser exibido em um caixote.

Para a estrutura interna, Vatuti havia escolhido sabiamente compensado naval já na primeira réplica feita em 2015, madeira adequada quando se pensa em estruturas que vão eventualmente entrar em contato com água, visto que é especialmente preparada para alguma umidade. Nosso modelista construiu os frames internos e quilha do modelo com as tradicionais divisórias que, como um toque de autenticidade histórica, contaram 16 compartimentos internos, tal e qual no transatlântico real. Segundo Vatuti, a escolha foi para também com intuito de impedir que o modelo afundasse em caso de infiltração, de modo idêntico ao projeto do navio real. 

A configuração curva dos extremos do casco foi, segundo Vatuti, um dos aspectos mais complicados de replicar porque o trabalho foi executado majoritariamente à olho [E diga-se de passagem,  mesmo com bons planos nas mãos este efeito estrutural dá muita dor de cabeça para qualquer aventureiro modelista]

Para o casco a opção foi utilizar-se de fibra de vidro assentada sobre uma estrutura em tela vazada grampeada ao longo de todo o modelo. A fibra de vidro é um material altamente isolante de água se bem aplicada, e é utilizada na fabricação de botes, caiaques, lanchas e até mesmo iates.

A sequência da obra foi a criação do visual das chapas de aço ao longo do modelo, efeito alcançado com uma solução engenhosa: Vatuti literalmente abriu e aplaionou canos comuns de plástico PVC branco (na segunda foto acima), de modo que se tornassem placas planas, que foram cortadas e coladas ao longo dos 2,69 m de comprimento do modelo, em ambos os lados. A aplicação posterior de centenas de ilhós metálicos nas perfurações das características vigias circulares do paredão agora pintado de negro cumpriu o efeito de arremate clean para as portinholas. 















Sobre a construção:

"Foi um trabalho bem cansativo na época, que na verdade foi iniciado em 2015... [porque Vatuti reaproveitou a quilha de seu primeiro modelo de 2015] mas o projeto ficou engavetado devido a morte de meu pai que gostava do RMS Titanic também... isso me desanimou muito e travou várias áreas da minha vida por muito tempo."

Para permitir acesso ao interior de seu modelo que foi feito majoritariamente oco, Vatuti optou por um meio criativo, tornando possível literalmente abrir o modelo ao sacar em uma peça só -  como se fosse uma tampa - os três conveses superiores (convés de botes, A e B), deste modo resolvendo a questão de acesso à instalação e manutenção dos aparatos internos de motorização. A ideia de Vatuti foi primeiramente utilizada no cinema na década de 1980, no modelo gigante do Titanic construído para as cenas do filme "Raise the Titanic" (no BR: "O Resgate do Titanic", 1980). Nas DUAS FOTOS AO LADO (Matéria AQUI)

Aquele modelo contava com o mesmo tipo de "tampa" formada pelos conveses superiores, que eram suspendidos com auxílio de guindastes para acesso ao interior os mecanismos internos para afundamento e reflutuação necessários para as cenas mais interessantes do filme. A maquete media impressionantes 17 metros de comprimento e foi criada especificamente para as filmagens. No entanto não era motorizada.
 

Um dos passos adiante para Vatuti foi testar o modelo na água. Mas que água??? Sem um meio prático e viável, ele então parte para mais um passo criativo: Adquire uma piscina desmontável com 3,2 m de comprimento e 50 cm de profundidade e que preenche em seu próprio quintal para a fase de testes.

Colocado na água, surgem problemas no modelo: Ele flutuava de modo inadequado e desequilibrado, além de apresentar alguma infiltração. Os problemas de água foram sanados, e o equilíbrio corrigido então com o acréscimo de pesos internos num total de 15 Kg de artigos em ferro utilizadas em academias de ginástica. Resolvido o problema, o Titanic "bebê" chegou aos 80 Kg.

O aparato de motores provou-se um desafio, visto que na primeira tentativa o motor de 12 volts utilizado suportou apenas 10 minutos e parou. Nada feito...

A solução criativa encontrada - pasmem - foi instalar dentro do modelo - e integralmente -, uma parafusadeira de 20 v da marca Dewalt! Isso mesmo! ACREDITE.

Uma parafusadeira que acoplada aos aparatos adicionais de suporte e radiocontrole, tornaram possível que o tão sonhado modelo pudesse enfim vir a navegar. 

Para a propulsão, Vatuti replicou as três hélices do Titanic na proporção 1:100, onde utilizou ferro. As duas hélices laterais com 7 cm de diâmetro em seu modelo são de fato funcionais.

***As hélices no verdadeiro Titanic foram fabricadas em liga de bronze manganês e ainda hoje, mesmo transcorridos 112 anos do naufrágio, permanecem parcialmente visíveis nos escombros do navio a 3.800 m de profundidade no leito do Oceano Atlântico.


Os primeiros testes do modelo em espaço aberto aconteceram em 2023 no lago da cidade de Vila Rica, para onde a maquete foi levada de automóvel e então operada por radiocontrole. Ventava na ocasião do primeiro teste, e o modelo de Vatuti ameaçou repetir o feito do transatlântico de 1912! Ao efetuar uma curva praticamente adernou (tombou de lado) de vez. Tudo assistido pela sua esposa - e sempre apoiadora - que assombrada com o risco de perder o trabalho no lago gritou:

Volta, volta!!!!

Pra felicidade de todos, o modelo foi recuperado sem emborcar. 

Nesses primeiros testes Vatuti percebeu que ele levava tempo demais para efetuar curvas, mais de 20 metros, por conta de um velho conhecido: leme pequeno demais, assim como tanto se relata erroneamente sobre o verdadeiro Titanic (cuja história de que ele tinha um leme pequeno é uma lenda criada ao longo dos anos e forçosamente repetida à exaustão).

A questão foi posteriormente resolvida ampliando a área do leme no modelo, e deste modo novos testes foram feitos. Desta vez houve sucesso, o Titanic de Vatuti conseguiu em velocidade média fazer uma guinada mais efetiva, agora num raio de 10 metros. Muito diferente do verdadeiro navio em 1912, que na noite de 14 de abril precisou de quase o dobro de seus 269 metros para começar a manobra para esquerda, interceptada fatalmente pela colisão com o iceberg. Nosso amigo anotou também que a autonomia do modelo em água era de 40 minutos e o alcance do radiocontrole de 120 metros de distância.



Um dos últimos toques de autenticidade adicionados ao modelo foi a inclusão de 325 miniaturas humanas distribuídas ao longo dos conveses para popular a obra de maneira mais vívida e humanizada. Mas ainda não era tudo:

"Todo mundo que via o modelo perguntava 'cadê o Jack e a Rose?'.
Eu sei que eles não existiram na vida real, mas resolvi colocar os bonequinhos na ponta [da proa] só para dar um tcham a mais!

Finalizados os testes, era hora de voltar pra casa. Para a proteção do modelo, Vatuti optou então por uma vitrine montada por ele próprio, composta por 8 peças em vidro e que mede ao todo 3 metros de comprimento, 1,10 m de altura e 60 cm de altura. 

Escolha essa em virtude de proteger sua obra das inevitáveis sujidades vindas da deposição de poeira que se acumula sobre trabalhos deste gênero, que são de complicada limpeza em caso de exibição ou armazenamento desprotegido. 

Vatuti optou pela instalação de luzes internas, efeito que alcançou utilizando lâmpadas domésticas em LED, num total de oito. Para quebrar o efeito luminoso azulado comum nas lâmpadas frias atuais -  e aproximar a iluminação ao visual provável que teve o Titanic em sua época, onde foi iluminado com lâmpadas incandescentes na cor âmbar, iguais as que usamos até recentemente antes do surgimento das lâmpadas econômicas e de LED -  o amigo mato-grossense partiu para mais uma solução criativa: Aplicou verniz vitral amarelado em todas as lâmpadas e BUM! Efeito amarelado e mais autêntico atingido com sucesso. O modelo então brilhou feéricamente com todas suas janelas e vigias acesas.







































Para um toque adicional de exposição, Vatuti criou então como um de seus últimos acréscimos uma simulação do mar ao longo do lado bombordo do modelo, que foi feito com isopor e massa acrílica. A simulação é móvel e é utilizada para fim de exposição estática apenas.

Terminadas as obras e melhorias, hoje o modelo segue bem cuidado e armazenado na casa de Vatuti, onde ocasionalmente recebe visitantes, que perambulando ao redor da arte tiram fotos, gravam vídeos e proseiam empolgadamente sobre tanta criatividade e histórias. 



















Vatuti acrescenta:

"Não tive modelos de planta para fabricar o Titanic... fiz apenas no olhômetro. O que faz com que alguns detalhes não fiquem idênticos ao original. Mas  mesmo não sendo a réplica perfeita realizei meu sonho de infância!"




A obra consumiu em estimativa cerca de R$ 6.500,00 e 12 meses para ser concluída. Mas não é em números monetários que se apoia um trabalho feito com esta dedicação e carinho. Para além de desafio e realização pessoal, encontra ainda mais valor como materialização artística que salta aos olhos a comprovar o quanto a história do Titanic permanece viva ainda nos dias atuais, e o quanto ela permeia a cultura e o imaginário de tantas pessoas de todos os lugares do mundo. 


Além de que este encanto é mola motriz para que se possa extrair inspiração e se colocar em trabalho realizando verdadeiras obras de arte, que carregam muita história para contar para todo olho curioso que se detém ao menos um instante para apreciar o que é possível ser feito quando se encontram: uma história inesquecível, um sonho, talento, criatividade, tentativa/erro/acerto, muito trabalho, superação e desejo de compartilhar e aprender mais e mais.

"Para minha vida pessoal é uma referência de superação, algo que achava impossível mas que Deus me permitiu fazer. Agradeço muito ao meu Deus... meu pai também que não pode ver o projeto concluído mas sei que ficaria orgulhoso. A minha mãe também que mesmo com tudo que passou não desistiu de mim e sempre acreditou no meu potencial... Agradeço a todos e que Deus os abençoe grandemente."





Dados técnicos da maquete 
 
Comprimento: 2.70 metros 
Altura: 53 cm 
Largura: 29 cm 
Peso: 80kg com todas baterias e motores e os pesos de lastro 

Materiais usados 

Compensado 
Canos de PVC reutilizados 
Fibra de vidro para selar o casco 
Fórmica, que foi usada nas chapas do casco e na cor amadeirada para os decks de passeio

Créditos

Depoimento e fotografias por Vatuti Erik Dieter
Pesquisa e edição de texto e imagens por Rodrigo Piller, Titanic em Foco
nzpetesmatteshot.blogspot.com

ATENÇÃO: Este modelo encontra-se a venda! Para mais informações entre em contato com:

Vatuti Erik Dieter
Facebook AQUI
Whats App 66 8452 9975